domingo, setembro 17, 2006

Há Mar e Mar...



Estrella Morente, Volver


Aprisionei-me na liberdade.

A melancolia que me adorna as palavras visita-me neste meu cárcere infinito. Por vezes, como uma roupa usada dias e dias, meses, seguidos, parece desfiar seu sentido em fios que se soltam e em pequenos novelos ficam perdidos.

Enfim, tanto choro, tanto grito, tanto querer que é um querer maldito. Ladainha velada por um desejo de ter o que por mim já foi tido. E que é tudo e tão lindo! E no entanto... Não ouso arriscar rumo ao conhecido e escondo a razão de qualquer laivo de audácia que a possa toldar.

Eu amo. Sim, Amo! Quero bem, independentemente de ser eu a dar. Por si só não será confissão para me soltar? Contudo, o tempo decidiu que era tempo num tempo em que eu não posso - não quero? - e não sei voltar. Assim, agora, não. Doce ironia, não fosse eu recluso e não teria meu indulto...

Neste corrupio de sensações, tentando parecer destemido, decido. Afinal há todo um desconhecido para explorar, conhecer e, quem sabe, de onde voltar.


"Porém seu pequeno coração
- que é o dos equilibristas -
Por nada suspira tanto
Como pela chuva tonta
Que quase sempre traz o vento
Que quase sempre traz o sol..."
Bernardo Atxaga, As Gaivotas

2 comentários:

Andorinha disse...

Voltarei com mais tempo porque cada texto merece atenção e prolongada reflexão.Para já, gostei muito.
Até já.
Sofia

Andorinha disse...

Com mais calma agora...
Ninguém se aprisiona na liberdade. Aprende-se a amá-la, e como tudo o que amamos...custa abandonar.
Mas só sabemos se amamos esse algo, se esse nos faz feliz e completos. Se representa um biombo...uma máscara...um muro...se tal se passa, então aí sim meu amigo: estás preso. Tudo com conta peso e medida...o tempo é amigo, e ajuda-nos a descobrir tanta coisa...o principal: nós mesmos.
Um beijo amigo duma andorinha por vós adoptada como mto gosto e mto orgulho; cada dia mais, de cada um de vós, um por um!:)
Beijos