segunda-feira, outubro 16, 2006

Under Water Love

Foto de Aaron Chang


Para trás ficam as brancas espumas,

Galopando como tempestuosas nuvens,
Numa carga final, razão de uma vida cruzando o mar,
Pela
eterna cruzada de terra santa conquistar!

Para trás fica o grito de guerra,
Trovejante clamor retumbante, irado,
De imberbe amante e seu vigor apressado
Sobre um ventre de areia e rocha desarmado.

Para trás fica o ar que em meu peito se esgota,
A luz que meus olhos cega, o cheiro que minha vida impregna
E o nada que me cerca e onde nadando me afogo.

Em tenebrosas trevas mergulhado
Num borbulhante silêncio vou sofucando
Ouso à superfície inspirar mas, logo que possa, amaro...


"Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades"
Sophia de Mello Breyner Andresen, Exílio

1 comentário:

Cuze disse...

Epá, ó Pinto.
Já não te visitava à anos luz, e aqui chego e levo logo com mais uma manifestação de puro talento literário?!

Vai mazé escrever um livro pá!!! :P

Mais a sério... acho que devias sinceramente pensar nisso!

Hasta
Abraço