quinta-feira, agosto 24, 2006

Sonho de Uma Noite de Verão

Foto de Konrad Ciok

Anoiteceu...

E o mar fundiu-se no céu. Plagiou estrelas com reflexos de luar, calmo, como se dizendo: Vem, vem voar...

S
enti-me noivo da noite, que lhe levantava o véu e com seu beijo molhado, breve desvio de meu destino, astronauta me tornei. Mesmo sem fato espacial ou foguetão, viajar por entre brilhos dançantes - movimento próprio dos corpos cadentes, era aqui natural, alegre e vivo - que na palma da mão segurei. Afinal há vantagens numa ilusão.

Novo instante e logo um novo encanto, do anterior furtava meu olhar. Tanta beleza tornou-me indiferente, de paixão em paixão ardente, mas tão fugaz quanto a paixão é capaz. Insaciado em meu celeste trilho por tudo, por isso nada, prender minha atenção, regressei onde havia partido.

Cheguei com o princípio da hora do dia que consigo trazia a luz e o horizonte e as cores e a vida.

E sorri...


"Eu não sou eu nem sou outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
___Pilar da ponte de tédio
___Que vai de mim para o Outro."
Mário de Sá Carneiro, 7

8 comentários:

Unknown disse...

E que bom saber que sorriste.. :)
Beijinho, grande..

Anónimo disse...

É bom saber que afinal a vida é um poço sem fim de emoções.
Obrigado

PS: Passinho a passinho vamos resuscitanto.

Jorge Pinto disse...

:D

Susana, este sorriso é bem real...

Beijinho

Jorge Pinto disse...

Amigo Vasco, andar e depois correr e depois saltar... Como se não houvesse amanhã! Mas fazê-lo sinceramente e por isso, a seu tempo.

Agora que melhor me compreendes, não te esqueças que por pior que seja um dia, pode ser sempre a véspera de um outro mais grandioso!

Se eu me esquecer recorda-me também a mim.

Abraço

Anónimo disse...

E para que fique também registado aqui:

De longe, todas as perdas, sacrifícios e dificuldades, parecem-me pedras inteligentemente colocadas no caminhos que de certo me irão levar a um reencontro comigo próprio; a ser maior, mais forte e único!

Pinto, e o que vamos fazer? Apanhar as pedras e construir um castelo? Sim, claro! Mas lembra-te que se a tua muralha for grande demais, de dentro não consegues ver o que se passa cá fora no mundo, e podes deixar fugir a verdadeira oportunidade de ser amado!

Jorge Pinto disse...

Vasco, não precisamos de construir um castelo muito grande. As pedras mais lisas usamos para fazer ricochetes na água...

O resto, logo se vê.

Abraço

Cuze disse...

Grande texto, parabéns. Tens o dom e usa-lo mt bem!

Helen disse...

Que exagero de poesia bonita! Parabéns!